2013-03-18

Artigo Terras de Vagos Março


Tempo de Quaresma e Páscoa

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16)

A propósito do tempo pascal que se aproxima e durante esta Quaresma que vivemos, diz-nos o nosso querido Papa Bento XVI, que esta pode ser uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre a fé e a caridade: o crer no Deus de Jesus Cristo e o amor, caminho de dedicação a Deus e aos outros.



O tempo quaresmal surge sempre oportunamente, permitindo a todos os cristãos crentes tomarem consciência dos excessos cometidos em muitos momentos. Tempo de claro jejum e abstinência, deve ser visto como uma oportunidade de "sacrifício". Aquele cafézinho que sabe sempre bem, aquela cervejinha que gostamos de beber, aquela guloseima e aquele chocolate a chamarem por nós... A verdade é que o que é demais é sempre prejudicial e, por vezes, mesmo aquilo que nos parece normal, acaba por se revelar um excesso em tempo de quaresma.
Qualquer tempo de celebração exige um planeamento prévio. Do aniversário às simples festas, todos nós perdemos tempo e empenhamos o nosso esforço para que tudo corra às mil maravilhas, para que todos fiquem satisfeitos, para que a alegria se veja espelhada no rosto  de cada um. E parece que quanto maior a festa, maior o empenho e tempo que nós dispensamos para a preparar. É isso que acontece durante a Quaresma. São quarenta dias de preparação para a festa pascal, para a ressurreição de Jesus Cristo e a sua vitória sobre a morte. É uma festa demasiado grande e demasiado importante para ser preparada num curto espaço de tempo! É um tempo de oração, de plena vivência de fé onde cultivamos a palavra, a oração e o amor de Deus para com os outros. Como afirma Bento XVI, "a fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e «apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo".
Neste tempo que se aproxima, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, momentos em que Deus redimiu o mundo e Cristo demonstrou como deve ser vivido o amor por dentro, a equipa da Pastoral Juvenil do Arciprestado de Vagos deseja a todos umas Santas Páscoas.
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei"

No dia 16 do passado mês, alguns jovens do Grupo de Jovens de Santo André tiveram uma oportunidade única de demonstrar e pôr em prática o amor de Deus numa das suas mais puras formas.

"No final da Eucaristia Vespertina de Santo André de Vagos, quando as portas já tinham sido fechadas e quando restavam meia dúzia de jovens, um jovem adulto peregrino, de aspeto cansado e marcado pelo tempo, prostrou-se diante da Igreja e começou a rezar. Entretanto, preocupados fomos perceber se estava tudo bem e se precisava de ajuda. Eis que damos por nós a ter de falar inglês para conseguir perceber aquele pobre mas tão rico homem. Depois de várias tentativas para o tentar ajudar, ele, um pouco com medo, começa-se a afastar. No fundo, aquele peregrino só precisava de comer algo e de encontrar um local para descansar para recobrar as energias, como frisou várias vezes. Trazia alimentos apenas cozinháveis, daí a dificuldade em alimentar-se. Receoso, afastou-se. Não desistindo, mais à frente do percurso que tomava disse-lhe:" Por favor deixa-me ajudar. Deixa-me levar-te onde possas comer por amor de Deus." Percebendo que falávamos a mesma linguagem espiritual, encarou a minha boa vontade e entrou no carro. Pelo caminho para a pastelaria perguntei-lhe de onde vinha e para onde ia. Ele respondeu: "Não sei." Eu insisti: "Mas de onde és?" Ele respirou fundo e disse: "Eu sou do mundo e estou a deixar-me levar para onde Deus me quer levar! Larguei tudo, para viver em simplicidade e amor com Deus!" Eu estava literalmente arrepiado. Na pastelaria saí do carro gastei grande parte do dinheiro que tinha e dei-lhe (demos-lhe) de comer e beber. Ele agradeceu vezes sem conta. No fim disse-lhe: "Fica com este dinheiro é tudo o que tenho agora mas precisas mais dele do que eu". Mas ele disse: "Não, tenho uma promessa para com Deus, não vou aceitar dinheiro, vou trabalhar se for preciso mas sobretudo vou deixar que, tal como hoje, apareçam pessoas boas da minha vida." Eu comovido insisti: "Eu arranjo-te onde dormir!" Ele respondeu: "Já fizeste a tua parte eu agora vou restabelecer energias e dormir na floresta para poder olhar o céu e falar com Deus."
Depois de uma cumprimento sentido, este homem que vinha de Santiago de Compostela e seguia caminho para Fátima, continuou o seu caminho, deixando para trás o coração quente dos vários jovens que o ajudaram. Há cada coisa... Fiquei marcado por este sinal de Deus: ajudar o próximo sem olhar a quem, sem julgar pela aparência."
Eddy Francisco Martins - Coordenador Arciprestal

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