Tempo
de Quaresma e Páscoa
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos
nele» (1 Jo 4, 16)
A propósito do tempo
pascal que se aproxima e durante esta Quaresma que vivemos, diz-nos o nosso
querido Papa Bento XVI, que esta pode ser uma preciosa ocasião para meditar
sobre a relação entre a fé e a caridade: o crer no Deus de Jesus Cristo e o
amor, caminho de dedicação a Deus e aos outros.
O tempo quaresmal surge
sempre oportunamente, permitindo a todos os cristãos crentes tomarem
consciência dos excessos cometidos em muitos momentos. Tempo de claro jejum e
abstinência, deve ser visto como uma oportunidade de "sacrifício".
Aquele cafézinho que sabe sempre bem, aquela cervejinha que gostamos de beber,
aquela guloseima e aquele chocolate a chamarem por nós... A verdade é que o que
é demais é sempre prejudicial e, por vezes, mesmo aquilo que nos parece normal,
acaba por se revelar um excesso em tempo de quaresma.
Qualquer
tempo de celebração exige um planeamento prévio. Do aniversário às simples
festas, todos nós perdemos tempo e empenhamos o nosso esforço para que tudo
corra às mil maravilhas, para que todos fiquem satisfeitos, para que a alegria
se veja espelhada no rosto de cada um. E
parece que quanto maior a festa, maior o empenho e tempo que nós dispensamos
para a preparar. É isso que acontece durante a Quaresma. São quarenta dias de
preparação para a festa pascal, para a ressurreição de Jesus Cristo e a sua
vitória sobre a morte. É uma festa demasiado grande e demasiado importante para
ser preparada num curto espaço de tempo! É um tempo de oração, de plena
vivência de fé onde cultivamos a palavra, a oração e o amor de Deus para com os
outros. Como afirma Bento XVI, "a fé constitui aquela
adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor
gratuito e «apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em
Jesus Cristo".
Neste tempo que se aproxima, em que nos preparamos
para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, momentos em que Deus redimiu
o mundo e Cristo demonstrou como deve ser vivido o amor por dentro, a equipa da
Pastoral Juvenil do Arciprestado de Vagos deseja a todos umas Santas Páscoas.
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei"
No dia
16 do passado mês, alguns jovens do Grupo de Jovens de Santo André tiveram uma
oportunidade única de demonstrar e pôr em prática o amor de Deus numa das suas
mais puras formas.
"No final da Eucaristia
Vespertina de Santo André de Vagos, quando as portas já tinham sido fechadas e
quando restavam meia dúzia de jovens, um jovem adulto peregrino, de aspeto cansado e marcado pelo tempo, prostrou-se diante da
Igreja e começou a rezar. Entretanto, preocupados fomos perceber se estava tudo
bem e se precisava de ajuda. Eis que damos por nós a ter de falar inglês para
conseguir perceber aquele pobre mas tão rico homem. Depois de várias tentativas
para o tentar ajudar, ele, um pouco com medo, começa-se a afastar. No fundo,
aquele peregrino só precisava de comer algo e de encontrar um local para
descansar para recobrar as energias, como frisou várias vezes. Trazia alimentos
apenas cozinháveis, daí a dificuldade em alimentar-se. Receoso, afastou-se. Não
desistindo, mais à frente do percurso que tomava disse-lhe:" Por favor
deixa-me ajudar. Deixa-me levar-te onde possas comer por amor de Deus."
Percebendo que falávamos a mesma linguagem espiritual, encarou a minha boa
vontade e entrou no carro. Pelo caminho para a pastelaria perguntei-lhe de onde
vinha e para onde ia. Ele respondeu: "Não sei." Eu insisti: "Mas
de onde és?" Ele respirou fundo e disse: "Eu sou do mundo e estou a
deixar-me levar para onde Deus me quer levar! Larguei tudo, para viver em
simplicidade e amor com Deus!" Eu estava literalmente arrepiado. Na
pastelaria saí do carro gastei grande parte do dinheiro que tinha e dei-lhe
(demos-lhe) de comer e beber. Ele agradeceu vezes sem conta. No fim disse-lhe:
"Fica com este dinheiro é tudo o que tenho agora mas precisas mais dele do
que eu". Mas ele disse: "Não, tenho uma promessa para com Deus, não
vou aceitar dinheiro, vou trabalhar se for preciso mas sobretudo vou deixar que,
tal como hoje, apareçam pessoas boas da minha vida." Eu comovido insisti:
"Eu arranjo-te onde dormir!" Ele respondeu: "Já fizeste a tua
parte eu agora vou restabelecer energias e dormir na floresta para poder olhar
o céu e falar com Deus."
Depois de uma
cumprimento sentido, este homem que vinha de Santiago de Compostela e seguia
caminho para Fátima, continuou o seu caminho, deixando para trás o coração
quente dos vários jovens que o ajudaram. Há cada coisa... Fiquei marcado por
este sinal de Deus: ajudar o próximo sem olhar a quem, sem julgar pela
aparência."
Eddy Francisco Martins - Coordenador Arciprestal
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